Entrevista com Michael Thomas Ford

Fiz uma entrevista com o escritor Michael Thomas Ford, autor de Jane Austen – A Vampira, publicado mês passado pela editora Lua de Papel. Fiz uma resenha do livro há algum tempo. Ele é super simpático e engraçado, concordou em fazer a entrevista e respondeu-a com muito gosto. Vejam, abaixo, mais um pouco sobre ele e confiram a entrevista !

Michael Thomas Ford nasceu em 1969, nos Estados Unidos. Ganhou vários prêmios e, dois deles, voltados para literatura homossexual, o Gay Men’s Romance ( duas vezes )  e o Gay Men’s Mystery. Foi também nomeado para o prêmio Horror Writers Association Bram Stoker Award, por seu romance The Dollhouse That Time Forgot.

Site oficial do autor – http://janebitesback.com/

Quando você começou a escrever ?

Eu sempre quis escrever, desde que era criança. Mas até escrever profissionalmente, meu primeiro livro foi publicado a uns 20 anos atrás. Eu já publiquei quase 60 livros agora, variando de romances para adolescentes para livros de não-ficção. Agora, eu escrevo, principalmente, romances para leitores adultos.

O que inspirou você para fazer de Jane Austen uma vampira ?

Foi um comentário feito pelo meu agente. Estávamos falando sobre tipos de livros que nós estávamos vendendo e, ele observou que as únicas coisas que pareciam sempre vender bem eram os livros de Jane Austen ou livros  de vampiros. Isso me fez pensar como seria engraçado escrever sobre Jane Austen como uma vampira.

Qual é a sua opinião sobre todos esses livros  que meio “satirizam” os romances de Austen ?

Eu acho que a maior parte deles não são muito bons e não muito originais . Pegar um romance de Austen e adicionar monstros é engraçado em um momento ou dois, mas depois se torna bobo. De qualquer forma, se ler esses livros faz as pessoas voltarem e lerem os romances originais de Austen, isso é uma coisa boa.
Há uma mensagem em “Jane Austen – A Vampira” ? Pensei que era : “Jane Austen não iria se importar com as outras versões de seus romances, desde que todos lessem os originais”.

Eu acho que isso é verdade. Austen tinha um senso de humor muito bom, e eu penso que ela iria se divertir com alguns livros dela ou baseados em seus romances.

Existem muitos autores famosos com bons livros, clássicos. Jane Austen é um deles, mas por que ela ?

Eu acho que Jane Austen é mais popular porque ela entendia as pessoas muito bem e, era capaz de escrever sobre elas de um jeito que era instantaneamente familiar para os leitores. Todos nós conhecemos pessoas – ou existem pessoas – como as personagens dela. Então, suas histórias nos atraem porque, de vários modos, elas são eternas* ( * nota adicional : eternas no sentido de atemporais, que se encaixam em qualquer época ) .

Qual seu livro favorito de Jane Austen ?

Meu romance favorito de Austen é  MANSFIELD PARK. Ele é, talvez, seu romance menos  popular, porque é mais sombrio que os outros e muitas pessoas não gostam da personagem principal, Fanny. Mas eu acho Fanny uma pessoa interessante, e o livro propõe várias questões sobre o que significa entender a si próprio e o mundo ao seu redor.

Você acha que as pessoas devem ler “Jane Austen – A Vampira” ? Por que ?

Bom, eles devem lê-lo porque é o melhor livro já escrito. Ou, eles podem lê-lo porque é uma história divertida sobre como seria para Jane Austen viver hoje em dia, vendo seus livros e a si própria tornarem-se mais populares do que ela pudesse algum dia jamais imaginar.

O livro é novo no Brasil. O que você diria para os leitores brasileiros que ainda não leram o livro ?

Eu iria contar para eles que deveriam lê-lo imediatamente e, depois, recomendá-lo para todos seus amigos. Eu estou muito, muito, muito animado com o fato do livro ter sido publicado no Brasil. Já recebi vários e-mails dos leitores daí. Todo dia eu ouço de novos leitores, o que é enormemente gratificante.  Eu estou muito grato por todas as pessoas que dão uma chance a meu livro, e sabendo que leitores no Brasil gostam da história que eu escrevi faz eu querer escrever mais.

Resenha: Jane Austen – A Vampira

Crítica – A primeira coisa que pensei sobre o livro foi : ” Gosto de Jane Austen. Gosto de vampiros. Irei, provavelmente, gostar de Jane Austen – A Vampira“. Minha suposição estava correta. Gostei muito do livro. É super engraçado. Cada capítulo vem com um trecho do manuscrito não publicado de um livro de Jane Austen, Constance, o qual ela consegue publicar quando vampira. Os trechos sempre tem a ver com o capítulo. Jane Austen é muito engraçada, mesmo sendo uma vampira. Parece que estamos mesmo assistindo sua vida continuar, fazendo-a viver o romance que nunca conseguiu viver. Apesar de parecer um sátira mal feita, Jane Austen – A Vampira com certeza faria a autora muito feliz. Elevando a querida romancista inglesa, o livro a transforma em uma vampira cansada da imortalidade e de não receber direitos autorais, porém, que consegue dar a volta por cima, publicando um novo livro e vivendo um novo romance.

Resenha – Jane Austen é uma vampira. Mora na pequena cidade de Brakeston, Nova Iorque, Estados Unidos. Trabalha em uma livraria e fica frustrada por não receber diretos autorais. Além de não ganhar nada pelas paródias, deve aguentar títulos como “Esperando pelo Sr.Darcy” e “O livro de fitness de Jane Austen“. Seu novo romance, Constance, é negado por todas as editoras. Sente-se arrasada, achando que nunca mais irá publicar alguma coisa. Não se envolve a tempos com os de sua espécie e, ignora Walter, um homem da cidade que está apaixonado por ela. Nada anda muito bem.

As coisas começam a mudar quando, a ponto de apagar seu romance, Jane recebe um e-mail dizendo de uma editora dizendo que eles tem interesse em publicar o livro. Animada, ela responde o editor e marca um encontro com o mesmo em Nova Iorque. Antes de viajar, Jane aceita, enfim, um enc0ntro com Walter. Ela vai à festa de Ano Novo dele, descobrindo que sua esposa morreu afogada a algum tempo. Sente-se culpada por ter ignorado-o. Acaba por beijá-lo na contagem regressiva da virada.

Em Nova Iorque, fica super animada com seu livro que será, realmente, publicado. Ao voltar para a cidade, encontra Brian George, cliente de Walter, que na verdade é Lord Byron, o poeta inglês vampiro que a converteu. Ele quer Austen de volta, ameaçando fazer da vida dela um inferno caso ela não venha com ele. Nesse tempo de confusão, ele lembra Jane um fato importantíssimo : Walter não sabe que ela é uma vampira e, mais cedo ou mais tarde, irá perceber que ela não envelhece, podendo largá-la por descobrir seu segredo por si próprio.

Com um poderoso vampiro que a quer de todo jeito atrás dela, saudades de sua irmã, um romance que tem tudo para dar errado e um livro prestes a ser publicado, Jane Fairfax – ela mudou de sobrenome para não a reconhecerem – tem muitas coisas para resolver, e ser vampira não ajuda em nada. Viver para sempre pode complicar ainda mais as coisas…

Um pouco sobre …

Jane Austen – A lendária escritora de Orgulho e Preconceito nasceu em Steventon, Hampshire, Inglaterra.Extremamente feminista, Austen trata sempre do romance vivido por suas lendárias e clássicas protagonistas. Além de escrever fantásticas histórias de  amor, sua própria vida foi uma. Jane foi cortejada por Thomas Lefroy, mas não puderam se casar por causa de sua situação financeira. Ela recusou dois pedidos de casamento : o do reverendo Samuel Blackall e o de Harris Bigg-Whiter. Há rumores de que Jane se apaixonou por um homem em 1800, na cidade de Bath. Tudo acabou mal, pois ele morreu antes que pudessem se casar. Jane morreu solteira. Ela abandonou um romance pela metade devido ao seu estado de saúde.  Morreu com quarenta e um anos de idade dizendo “Não quero mais nada que a morte“.

Michael Thomas Ford – Nasceu em 1969, nos Estados Unidos. Ganhou vários prêmios e, dois deles, voltados para literatura homossexual, o Gay Men’s Romance ( duas vezes )  e o Gay Men’s Mystery. Foi também nomeado para o prêmio Horror Writers Association Bram Stoker Award, por seu romance The Dollhouse That Time Forgot.