Resenha: A Hora do Vampiro

Tem certos autores que, independente do gênero que  escrevem lhe agradar ou não, você tem que ler ao menos uma obra deles. Acredito que Stephen King seja um desses autores indispensáveis. Sua história vampiresca da fantasmagórica cidade de Jerusalem’s Lot é, além de bem escrita e otimamente estruturada, inundada de um pavor inebriante que aproxima o leitor cada vez mais do horror dos personagens. Fazia algum tempo que me interessava não só pelos livros do mestre contemporâneo do terror como por esse livro em específico, que fala sobre vampiros. E, nesse mês de Agosto ( dia 13 desse mês é o dia dos vampiros, veja o especial do ano passado ), não pude deixar de lê-lo e trazer uma resenha para vocês, leitores do blog.

Quando as sombras do pavor encobrem a cidade é chegada A HORA DO VAMPIRO!    – Frase da contracapa

A história é contada por poucos capítulos que são divididos em blocos. Esses blocos focam, geralmente, em só um personagem e uma cena específicos. Isso facilita bastante a história do livro, que contém muitos personagens, não só fazendo os conhecermos melhor, como também aumentando o clima de tensão e suspense, já que pulamos para outro bloco no clímax do anterior.

Capa da edição que li, da editora Nova Cultural

Começamos o livro já no fim do mesmo. Tudo parece um pouco confuso e devastado, então, um dos personagens lembra-se do que aconteceu e somos mergulhados na verdadeira história. Esta inicia-se com o escritor Ben Mears – aquele que está lembrando -, que morou na cidade quando criança e precisa retornar ao lugar para vencer o medo da misteriosa Casa Marsten. Esta é uma imponente e abandonada construção que se encontra num ponto da cidade onde todos podem vê-la. Em diversas partes da história, a mencionam como os olhos que observam a cidade. O Sr. Marsten matou a mulher e depois se enforcou. Desde que isso aconteceu, a casa ficou abandonada e era temida por todos que moravam na cidade. Ben chegou a entrar na casa por causa de uma aposta e, dentro dela, viu algo que se recorda até muito tempo depois. É para reverter essa memória que chega a Lot.

Logo somos apresentados aos outros vários moradores da cidade que possuem os mais variados problemas e segredos. Por meio desses blocos que mencionei, o autor sempre retorna aos personagens em outra situação do livro, não deixando de desenvolver a história de nenhuma pessoa de Lot. Porém, o livro possui um grupo de protagonistas que aparecem bem mais na história. A princípio, o foco é todo de Ben. Então, ele conhece Susan, uma bela jovem que leu um livro seu, e os dois começam uma relação que se desenvolve cada vez mais ao longo da história.  Mais tarde, conforme a situação da cidade se agrava, outros se juntam ao casal, formando um grupo que muito se assemelha ao que conhecemos de Drácula, de Bram Stoker.

Pelo que li, essa ligação é completamente proposital. Ela se torna até mais clara, mais para frente, com alguns elementos que aparecem como releituras do clássico ( podendo até mesmo o próprio livro ser considerado uma releitura da história de Stoker ).

Cartaz do filme Salem's Lot, de 1979

A ideia inicial de Ben ao retornar à cidade é comprar a Casa Marsten. E ele se surpreende ao saber que esta já foi vendida para uma dupla de cavalheiros ingleses que deseja abrir uma loja de móveis finos em Lot. Depois da chegada de Straker, um homem calvo, alto, misterioso e sócio de Barlow ( o proprietário da casa e da loja que ninguém conhece ), coisas estranhas começam a acontecer por Lot. Pessoas são encontradas mortas e seus corpos desaparecem. E isso é só o começo do terror que se aproxima, cada vez mais, de Salem’s Lot.

Achei que o autor poderia se estender mais sobre como Barlow chegou à cidade e sua relação, brevemente estabelecida, com o Sr. Marsten. Talvez essas informações coubessem melhor em outro livro onde, quem sabe, a história do grande vampiro pudesse ser elaborada. São detalhes, nada que prejudique a história, mas deixam curioso o leitor de A Hora do Vampiro.

O livro tem momentos realmente apavorantes. Fiquei impressionado com a capacidade de Stephen King de passar todo aquele medo que o personagem está sentindo para o leitor. Ele consegue fazê-lo muito bem. Além disso, o autor surge algumas vezes com frases muito bacanas, das quais gostei demais. Separei duas que me surpreenderam em especial.

E alguns deuses distantes, talvez ao verem quanta sorte ele fabricara por si, distribuíram um pouco de sorte também.

– Página 382

E, em volta deles, a animalidade da noite surge em asas tenebrosas. Chegou a hora dos vampiros.

– Página 448

Stephen King tem outros contos e romances que citam a cidade de Jerusalem’s Lot, alguns inclusive que se passam nela antes e depois do ocorrido em A Hora do Vampiro. O romance ganhou um filme para a TV em 1979, que chegou aqui no Brasil em DVD e com o título de Os Vampiros de Salem, e uma sequência para os cinemas, em 1987, chamada O Retorno à Salem’s Lot, que não foi considerado bom ou comparável à adaptação anterior. Foi feita também uma minisérie baseada no livro, em 2004, pela TNT.Assista ao trailer do filme de 1979 abaixo:

 

Pretendo assistir ao filme de 79 assim que possível. E, assim que o fizer, trago aqui uma resenha para vocês.

Em resumo, A Hora do Vampiro é um romance arrepiante, com uma trama atraente e cativante, que narra uma cidade envolta pelas sombras sanguinárias dos vampiros.

Sobre Victor

Gosto de cheiro de livros novos e de biblioteca com livros velhos, de livros ( dessa vez das letras mesmo ), de chocolate, de escrever, de ficar no computador, de dias frios com céu bonito, de ir ao cinema, passear no shopping com os amigos e de viajar. Ensino inglês e um dia ainda quero publicar alguma coisa. Bolsa Amarela, Harry Potter e a pedra filosofal , Entrevista com o vampiro e Crônicas de uma namorada são meus livros favoritos. Perdi a conta de quantas vezes vi "A Múmia". Quanto às séries que gosto, sempre mudo. Elas têm suas temporadas e eu tenho as minhas.

3 pensamentos sobre “Resenha: A Hora do Vampiro

  1. Não tem palavras pra falar sobre os livros de Stephen King. Eu li aquele “Tripulação de Esqueletos”, que é um conjunto de contos dele e… Caramba, eu me apaixonei demais! Teve apenas um que eu achei meio sem sentido, mas depois vim a entender. O primeiro (ou um dos primeiros?) conto é “O Nevoeiro” que até deu origem ao filme. Foi um dos meus preferidos. Você sente todo o temor dos personagens… E o final foi bem característico do nosso Rei do Terror.
    Estou lendo Christine, mas por ser um livro muito comprido e com muito terror/suspense (ou seja, não posso ler de noite, hehe), eu to passando outros livros na frente. Mas já estou adorando!
    Tem um garoto na minha sala lendo a Hora do Vampiro e ele está adorando! Eu quero muito ler. Qualquer livro do Stephen que eu puder ler, eu vou, com certeza!
    Adorei sua resenha, aliás. Fazia um tempo que não via resenhas do Stephen!

    • Hum, estava querendo ler muito esse que você comentou, parece ser ótimo mesmo. E agora que já me “iniciei” no autor, nao tenho mais desculpas ( ou tenho, o tamanho da minha lista rs ). Fiquei curioso agora rs Vou procurar saber mais sobre o filme 🙂 kkkk adorei o “nao posso ler de noite”. Parece ser bem legal também, deve ser um dos próximos romances dele que irei ler. E nao tem porque nao gostar huahua Zoa, o ambiente apocalíptico vampírico ( nossa, neologismo total aqui ) nem me agrada muito, mas o toque do Stephen que me fez gostar do livro ( além da proximidade, como mencionei, da história do Drácula ) Pegue emprestado dele o “A Hora do Vampiro”, creio que irá gostar.
      Obrigado, fico feliz que tenha gostado 🙂 Eu nao me lembro de ter lido uma rs Acho que li só a desse livro mesmo, em um blog que nao me lembro…Entao, aguardo a sua do “Christine” 😀

      Beijos,

      Victor

  2. King é um mestre da ficção e na criação de personagens, deixo como sugestão o livro A Coisa, onde desmontra toda a genialidade que o consagrou. Parabéns pelo Blog.

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